Nós não somos um custo, nós geramos lucros e arrecadação para o Estado!!. Essa é a afirmação da professora Mirian Beatriz Schneider, doutora do colegiado de Economia da Unioeste, Campus de Toledo. Entre os anos de 2012 e 2014, ela foi a coordenadora local de um grande projeto de pesquisa que estudou o “Impacto das Universidades Estaduais no Desenvolvimento Regional do Estado do Paraná”.
Esse trabalho foi a pedido da Secretaria de Ciência e Tecnologia e da Fundação Araucária, que contou com a participação de professores de todas as universidades estaduais do Paraná. A professora destaca ainda que essa pesquisa tem como fundamento inicial um estudo parecido conduzido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em relação ao mundo, e que o projeto pretendeu replicar no Paraná. Dois livros onde são apresentados os resultados dessa vasta pesquisa estão no prelo e em breve estarão disponíveis para a coletividade.
Mirian aponta alguns dados interessantes e em função deles questiona o abandono em que se encontram as universidades: O Estado está deixando de arrecadar muito ao não investir nas estaduais! A educação pública está entre os cinco setores da economia que mais geram renda e, portanto, arrecadação no Paraná!, afirmou. Os dados são parte do trabalho produzido pelos professores da UEM e UNIOESTE: Alexandre Florindo Alves, Carlos Alberto Gonçalves Júnior, Emerson Guzzi Zuan Esteves, José Luiz Parré, José Tarocco Filho, Paulo Rogério Alves Brene, Ricardo Kureski, Ricardo Luis Lopes, Umberto Antonio Sesso.
Multiplicadores tipo II de produção (MP), remunerações (MR), valor adicionado (MVA), emprego (ME) e índices de ligações intersetoriais de Rasmussen-Hirschman (RH) dos setores do Paraná no ano de 2006.
Sob outro enfoque, o trabalho dos professores aponta que um emprego em educação pública gera um efeito multiplicador do emprego de 2,34 e da renda 2,53. Isso significa renda, consumo e arrecadação.
Outro dado interessante do trabalho (também levando em conta dados de 2006) é que um milhão de reais investido na agricultura, por exemplo, gerava 115 empregos diretos, indiretos, no município, estado e país, com uma renda média anual de R$ 3.389,00. Na educação gerava 117 empregos a mais, no entanto a renda média era de R$ 14 851,00, ou seja, um impacto três vezes maior. Ninguém diz que um milhão investido na agricultura é custo, por que o fazem com a educação?!
Esse enfoque leva em conta somente o aspecto econômico da questão do investimento na educação pública, mas a universidade tem outros efeitos, mais difíceis de quantificar e talvez por isso os gestores públicos têm tanta dificuldade em interpretar os efeitos, no entanto, qualquer sociedade os reconhece. Nem vamos entrar nessa discussão.
De acordo com a professora Mirian, o projeto de autonomia proposto pela governo agiria como uma espécie de torniquete, que ao longo do tempo reduziria investimentos nas universidades, obrigando-as a buscar recursos externos para continuar a crescer, ou levando-as a definhar sistematicamente.
“A quem interessa isso? Se a arrecadação cresceu algo em torno de 46% nos últimos 4 anos, dinheiro existe, mas o que existe também é a determinante do gestor público de transferir esses fundos para a iniciativa privada, da mesma forma que se tentou fazer com a previdência, no entanto, a redução do investimento em educação nunca vem acompanhada da redução proporcional na carga tributária. Muito pelo contrário!”, denuncia.
Fonte: www.esmaelmorais.com.br