Os professores das universidades públicas do Brasil iniciaram uma contraofensiva para mostrar que não vão aceitar ingerência do Ministério da Educação e que a autonomia da academia não pode ser maculada. Até o fim da manhã desta terça-feira (27) já são pelo menos quatro as universidades que pretendem oferecer disciplinas que estudam o golpe de 2016, UNB, Unicamp, UFBA e UEPB.
Além disso, a Comissão de Ética Pública da Presidência informou nesta segunda-feira (26) que o ministro da Educação, Mendonça Filho, terá dez dias para prestar esclarecimentos em processo que apura se ele cometeu abuso de autoridade no exercício do poder.
O processo foi aberto após denúncia do ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) José Geraldo de Sousa Junior, segundo quem, o ministro teve conduta irregular ao ameaçar o livre exercício da docência pelo professor titular do Instituto de Ciência da Universidade de Brasília, Luis Felipe Miguel.
O ANDES-SN já emitiu nota de repúdio contra todas as formas de autoritarismo e cerceamento político e/ou ideológico do trabalho docente e se posicionando de forma veemente em defesa da autonomia universitária, da liberdade acadêmica, além de reafirmar seu compromisso com a defesa da Universidade Pública, gratuita, de qualidade, laica, democrática e socialmente referenciada, e se solidariza com os professores e as professoras. Veja nota clicando aqui (https://www.adufpb.org.br/site/nota-de-repudio-da-diretoria-nacional-do-andes-sn-aos-ataques-a-liberdade-academica-e-a-autonomia-universitaria/).
UNB
A Universidade de Brasília (UnB) vai oferecer uma disciplina sobre “o golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil“. As aulas do curso de ciência política começam no dia 5 de março, na retomada do semestre letivo. Na ementa do curso orientado pelo professor Luis Felipe Miguel, a disciplina pretende analisar a “agenda de retrocesso” durante o governo do presidente Michel Temer. As aulas também têm o objetivo de entender os “elementos de fragilidade” do sistema político brasileiro, “que depuseram a presidente Dilma Rousseff”.
Ao decorrer de cinco módulos, os estudos vão discutir pontos – organizados em ordem cronológica–, desde o “golpe de 1964”. O conteúdo pretende abordar, ainda, o debate sobre o “PT e o pacto lulista”, “jornadas de junho” e, por último, o “governo ilegítimo e resistência”.
Unicamp
O Departamento de Ciência Política da Unicamp planeja implantar, neste primeiro semestre, uma disciplina no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) para discutir o impeachment da ex-presidente Dilma Rouseff (PT), em 2016. A proposta é semelhante a adotada pela Universidade de Brasília (UnB), mas ainda não foi definido se a “disciplina do golpe”, como foi chamada pela instituição federal, fará parte da grade oficial ou será oferecida como livre, aberta ao público.
UFBA
Vinte e dois professores da área de Humanas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) se juntaram para oferecer a disciplina “Tópicos Especiais em História: O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil“. A decisão veio após o Ministério da Educação tentar excluir da oferta do curso de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UNB) uma disciplina de igual nome.
A disciplina será oferecida pelo Departamento de História (FFCH-UFBA) e disponibilizada de forma eletiva para todos os departamentos e pós-graduações da UFBA. Segundo a nota enviada pelo grupo de professores de História, Sociologia, Economia, Psicologia, Educação, Estudos de gênero, Ciência Política e Direito, a matéria está aberta ao público em geral, que poderá cursá-la como ouvinte.
UEPB
O Departamento de Filosofia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através do Grupo de pesquisa sobre Ensino de Filosofia e Filosofia Marxista realizará o curso de extensão “O golpe de 2016 e o futuro da Democracia no Brasil”. A atividade, aprovada em Reunião Departamental, será coordenada pelo professor Valmir Pereira.
Serão oferecidas 40 vagas para estudantes e professores da UEPB que pretendem aprofundar a temática. Das 75 horas/aula previstas, 65 horas serão reservadas para a parte teórica (presencial), enquanto 10 horas serão destinadas à parte prática, que consiste na produção textual.
DA ASCOM-ADUFPB
Com informações do G1, Bahia Notícias, Metropoles e UEPB