Rolando Lazarte*
Todo este tempo de caminhar ao lado do povo, com os setores democráticos e populares, na defesa da democracia política e da justiça social, tem me trazido nova energia.
Algo de muito bom renasce de dentro da gente, quando vamos mais uma vez, atrás daquilo que não pode nem deve ser negociado. A liberdade, os direitos humanos e sociais, as conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras.
Uma força intensa volta a me animar, como quando, em outras épocas –e ainda hoje– me empenhei em atividades comunitárias e sociais em prol do desenvolvimento da pessoa humana. Não se trata apenas de resistir ao golpe de Estado. É isto, sem dúvida, mas é muito mais. É continuar a manter a fé na decência, na justiça, no que é correto e nobre, o que é feito a muitas mãos.
O capitalismo não se combate apenas com discursos. Se combate no dia a dia. No cotidiano, de muitas maneiras. Nesta hora em que vejo renascer dentro de mim essa força do amor irrestrito, esse amor que se costura minuto a minuto com as minhas raízes e se projeta para um aqui e agora renovado, percebo que valeu a pena.
Valeu a pena ter insistido até aqui, e continuar insistindo. A reação não vai vencer. Os parasitas deverão aprender a respeitar a quem trabalha, a quem gera as riquezas e faz com que se movam as rodas da história.
Acredito que uma das grandes lições da mobilização contra o golpe no Brasil, seja a de ter evidenciado que o ser humano não se deixa explorar passivamente. Existe um algo dentro de nós, que se rebela contra o atropelo e contra a violência. Isso é sagrado, e deve ser mantido. Isso é o que nos poderá fazer vencedores deste e de qualquer outro golpe.
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*Sociólogo.GEPSMEC-UFPB Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental Comunitária da Universidade Federal da Paraíba