O segundo protesto contra o aumento nas tarifas do metrô, trem e ônibus em São Paulo foi marcado pela violência policial na terça-feira (12). Antes mesmo do início do ato, marcado às 17h, na Praça do Ciclista, no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, um forte aparato militar bloqueava os acessos da praça para a avenida Rebouças fazendo um cerco aos manifestantes e proibindo a entrada e saída de pessoas na área de concentração do ato até o Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
Após o cerco, a Polícia Militar atirou bombas de gás lacrimogênio e disparou balas de borracha contra os manifestantes e transeuntes que se deslocavam naquele momento, o que gerou pânico e correria. As pessoas ficaram encurraladas, tendo de um lado policiais da Tropa de Choque disparando bombas e, de outro, um cordão de policiais da Rota, com metralhadoras. Várias pessoas entraram em prédios para tentar se proteger.
O ato, convocado novamente pelo Movimento do Passe Livre (MPL) (Veja aqui), contou com o apoio e participação de diversas entidades do movimento sindical e popular, entre elas a CSP-Conlutas, à qual o ANDES-SN é filiado. Os manifestantes são contra o aumento de 8,57% nas tarifas do transporte público em São Paulo. O preço da passagem de ônibus, metrô e trem passou de R$ 3,50 para R$ 3,80 desde o último sábado (9). A tarifa de integração entre ônibus e trilhos [metrô e trens] passou de R$ 5,45 para R$ 5,92.
Segundo Alexandre Galvão, um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Política de Formação Sindical (GTPFS) do ANDES-SN, o Sindicato Nacional repudia veemente a violência instaurada pela polícia militar de São Paulo e que este episódio demonstra como os movimentos sociais têm sido tratados no âmbito estadual e federal quando defendem legitimamente os seus direitos. “Não é a primeira vez que a polícia militar vem tratando esses movimentos de forma violenta e repressora. Os governos têm utilizado formas de repressão para amedrontar e desmobilizar as manifestações que são legítimas, pois reivindicam o direito ao transporte público e de qualidade”, disse.
De acordo com o MPL, pelo menos 20 manifestantes sofreram ferimentos provocados por estilhaços de bombas e balas de borracha e precisaram ser encaminhados aos hospitais da região. Ao menos 11 foram detidos e levados à delegacia. Vários jornalistas também sofreram ferimentos, entre eles o fotógrafo Felipe Larozza, que machucou o braço.
Direito à liberdade de manifestação
A tática de repressão usada pela polícia contra a manifestação de terça-feira (12) é conhecida como envelopamento ou “Caldeirão de Hamburgo”, utilizada pela polícia alemã para encurralar manifestantes. De acordo com o diretor do Sindicato Nacional, ao adotar essas táticas, o Estado age de forma antidemocrática contra os protestos de rua e é dever do ANDES-SN e de toda a sociedade combater a repressão no país. “São legítimas todas as formas de se manifestar. Inclusive, a nossa Constituição Federal garante o livre o exercício de manifestação independentemente de autorização. E o que vemos é a Constituição sendo desrespeitada. O que estamos assistindo é um país cada vez mais antidemocrático e repressor que trata de forma violenta as manifestações populares, como as de Junho de 2013 e a contra dos gastos da Copa do Mundo em 2014, entre outras”, afirmou.
Com informações de Jornalistas Livres e Agência Brasil. Imagens de Jornalistas Livres.
Fonte: ANDES-SN